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Mostrando postagens de março, 2022

MINHA VIDA NO IRAQUE, NOS TEMPOS DE SADDAM HUSSEIN- CAPÍTULO 5

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  Capítulo 5:  No meio do caminho para Bagdá tinha uma prisão e os prisioneiros fomos nós! Alouí (blusa branca), Valéria (ao centro) e Alfredo no Portal de Ishtar, na Babilônia Em final de março e início de abril de 1987, houve um feriadão nacional no Iraque. Se não estou enganada, acho que era o início do Ramadã  daquele ano. O Ramadã é um período que marca um mês inteiro de jejum, orações e cerimônias religiosas. O respeito ao Ramadã é próprio da religião islâmica que tem por objetivo aproximar os seguidores do Profeta Mohamed (ou Maomé) ao Deus Alá e lembrá-los do sofrimento dos menos favorecidos e assim, incitá-los à prática também do Zakat. Traduzido de modo equivocado como “dar esmola”, o Zakat é uma espécie de “dízimo” pago anualmente (cerca de 2,5% dos ganhos de cada muçulmano), que será usado para ajudar os menos favorecidos daquela comunidade islâmica, a qual o fiel pertença. O Ramadã não tem uma data fixa, pois segue o Calendário Islâmico que é baseado no ciclo lunar

MINHA VIDA NO IRAQUE, NOS TEMPOS DE SADDAM HUSSEIN- CAPÍTULO 4

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Capítulo 4: a ida às compras que resultou em correria e tomatadas Eu e minha amiga Zezé no Souk (feira) de Souk Al Shouwiouki . Em 1987 o mundo era bem diferente do que temos hoje. A comunicação era muito precária. E tudo ficava bem mais complicado quando a vida tinha que ser vivida num país governado por um ditador e que, além de tudo, estava em guerra. Não era um tempo em que os produtos estrangeiros podiam ser comprados em qualquer supermercado ou lojinha brasileira até no interior desse nosso Brasilzão.   A China havia iniciado seu processo de abertura econômica em 1978, com Deng Xiaoping, presidente que ficou com a incumbência de transformar a economia chinesa, tirando-a da condição de economia agrária e elevando-a ao nível de potência industrial. Obviamente, o país pretendia se abrir para a iniciativa privada, como o fez, mas sem deixar escapar a rígida  centralização e o controle governamental na economia. Deu no que temos hoje: a China vai se tornando a grande potência ec

MINHA VIDA NO IRAQUE, NOS TEMPOS DE SADDAM HUSSEIN- CAPÍTULO 3

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  Capítulo 3: Sufoco e medo no hospital de Nassiryah Como contei nos capítulos anteriores, nós éramos bem tratados pelos iraquianos, na maior parte do tempo. Não sei se por eles, de fato gostarem de nós, ou se era por imposição do presidente Saddam que, sendo um ditador cruel (e, de minha parte, não é maniqueísmo influenciado pelas mídias ocidentais pós-guerra do Golfo de 1991. Eu juro! O cara era um monstro!). Ele era implacável, especialmente com a população islâmica xiita, numericamente majoritária, que se concentrava, especialmente, na região sul do país. A cidade de Nassiryah, onde ficava a Vila Sifão, se localizada nessa faixa centro-sul do Iraque e abriga, ainda hoje, população predominantemente xiita. Quando assumiu o poder em 1979, depois de dar um golpe de Estado que destituiu o poder do presidente Ahmed Hassan al-Bakr , Saddam implementou no Iraque, uma ditadura das mais autoritárias e   truculentas. Seu primeiro ato ao chegar ao poder foi “expurgar” do seu partido Ba’