MEU BATE-PAPO COM CAZUZA




Você veio, lindo? Que bom!.

Ando pensando muito em você nesses últimos tempos. Não sei se você está sabendo o que está acontecendo por aqui. É, meu bom, pioramos muito desde que você nos deixou. Imagino os versos que você escreveria se entre nós estivesse.


Lembra quando você, com seu largo conhecimento e experiência da vida burguesa, nos disse que “a burguesia fede” e que “as piscinas (dessa gente) estão cheias de ratos”? Você não faz ideia do quanto a fedentina piorou e tampouco da exorbitância da infestação de ratos, ratazanas e afins que tomou conta das piscinas. Já não se vê mais a água!

Sim, eu sei que o tempo não para e tudo pode mudar. Entretanto, esse correr do tempo não deveria nos transformar em sábios? Não seria esse o objetivo da vida?


Ah, meu querido, sinto dizer-lhe que a imbecilidade ganhou espaço e poder entre nós e vem nos condenando a ataques de nervos quase incapacitantes. Alguns de nós resistimos, mas não está fácil não, viu?



Recordo-me de você, já em seus últimos passos por aqui e ainda a procura de uma ideologia para viver. É claro que sei que as ideologias são imprescindíveis e inevitáveis, mas eu vou lhe contar um segredo, se me prometer não rir: acredita que a ideologia está proibida? Lógico que estamos todos muito confusos com isso. Quem, em sã consciência, proibiria a ideologia? Quem desconhece que ela está em tudo. É óbvio, não?  


Pois é, nunca precisamos tanto de uma ideologia e de utopias pra viver. Quem sabe de ideologias utópicas que alimentem a nossa esperança, por que eu vou lhe dizer uma coisa, parceiro: tá muito foda viver sob o jugo da ignorância, entende?

Está certo que, assim como você, sou bem exagerada, mas é a mais pura verdade. Pura talvez não seja o melhor adjetivo, mas é um tipo vexatório de verdade, que vai transformando o país, em vergonha mundial e grande fornecedor de material para os programas de humor mundo afora.


Certa vez você pediu para o Brasil mostrar a sua cara. Você não viu, mas por um tempo até conseguimos fazê-lo, exibindo nosso perfil em seu melhor ângulo. No entanto, parece que nos cansamos dos elogios e, em pleno século XXI, optamos por trocar a nossa cara por essa caricatura mal desenhada, com traços desconexos de terror, que hoje o país ostenta. E assim, mais uma vez estamos vendo o futuro repetir o passado, mas nem sequer podemos ver o museu de grandes novidades, porque o museu foi destruído pelo fogo e pelo abandono.

Hoje o que eu posso lhe dizer, amigo, é que o nosso partido também é um coração partido, mas apesar de terem trocado nossos sonhos por uma mamadeira de piroca, um kit gay e uma avalanche de notícias falsas, nossas ilusões (e esperanças) ainda não foram todas perdidas.


Mas é como você disse lindamente:

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade

Pra essa gente careta e covarde

Vamos pedir piedade

Senhor, piedade

Lhes dê grandeza e um pouco de coragem.



Não queremos muito. Queremos a sorte de um amor tranquilo. Queremos ter o direito de entregar a quem quiser estar conosco o nosso tempo, nosso carinho, nossos corpos (e o que bem entendermos) e todo amor que houver nessa vida.
Então me diz, meu anjo, é pedir demais?

Bom falar com você. Um beijo carinhoso. Fique em paz.

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