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O CARNAVAL, O BRASIL E EU

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  Eu nunca escondi de ninguém o quanto sou apaixonada pelo Brasil e, principalmente, pela nossa riquíssima cultura. Para mim, a mais rica do mundo! Só pra dar uma ideia àqueles que ainda duvidam e acham exagero de minha parte, pensemos  no ritmo que representa o país, ou seja, o samba. Podem-se encontrar inúmeras variações desse ritmo que é, sem dúvida, a cara do Brasil: samba-canção; samba de partido alto; samba de gafieira; samba de breque, samba-choro; samba-enredo; pagode, samba-de-roda, entre outros que não me recordo agora. Entretanto, não somos só isso. Por aqui é tudo misturado: a comida, a bebida, as três raças que deram cores e sotaques a essa nova “raça” chamada povo brasileiro. Somos um povo talhado pelo sofrimento dos que aqui chegaram e, especialmente pelos pretos africanos que foram trazidos a força para serem escravizados e pela indiferença covarde diante da violência dos nossos opressores e daqueles que, “embranquecidos” pela miscigenação, passaram a se enxergar

ONDE LULA ERROU. E ERROU FEIO...

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Há tempos eu queria escrever sobre umas coisas que andam rondando a minha cabeça, desde a prisão do Lula naquele dia 07 de abril de 2018, em que vi a mobilização da multidão em torno dele. Ali pensei: esse cara é a mais pura expressão do antagonismo: ou é venerado ou é odiado. Claro que eu sei que houve um excelente trabalho das redes de TV, da mídia impressa e virtual na construção do odiado "monstro" chamado Lula. Sei disso. Mas ainda assim o cara conseguiu conquistar o amor e o respeito de milhões de brasileiros, como nenhum outro presidente desse país o fez nesses 522 anos de Brasil. É fato também que, em nenhum outro momento de nossa história, um governo fez tanto por aquela parcela excluída do povo que só consegue alguma visibilidade em tempos eleitorais. É como dizem os políticos da turma do inominável: “pobre só serve pra votar” (palavras dele durante a campanha que o elegeu presidente em 2018). Jovens formados com a ajuda do PROUNI e do FIES. Muitos são os primeiros

QUERIDO ZÉ - UMA CARTA CHEIA DE AMOR E DE ESPERANÇA

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  Belo Horizonte, 06 de fevereiro de 2023.  Querido Zé,  Meu caro amigo, volto a lhe escrever depois de tanto tempo. Nossa última missiva foi em 2020, auge da pandemia de Covid19 e da nossa desesperança aqui nessas Terras Brasilis, lembra? Compadre, como lhe disse em outra carta, não foi fácil sobreviver no Brasil, nesses últimos 4 anos, sabe? Se pra você foi complicado assistir aí da Ásia todo o caos e destruição aqui instalados, pode imaginar como não foi para nós sobrevivermos em meios aos escombros em que o Brasil se transformou. Em nossas ruas víamos a concretização dos versos de Chico Buarque, na música Apesar de você : “A minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro chão.” Uma desolação total. Foi muito doído ver gente que era do nosso convívio, pessoas que frequentavam nossas casas, pessoas que tinham trânsito livre em nossos corações e mentes, em quase êxtase ao proferirem seus repetitivos discursos de ódio, suas mais explícitas demonstrações de racismo, o endos

MINHA VIDA NO IRAQUE, NOS TEMPOS DE SADDAM HUSSEIN - EPÍLOGO

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  EPÍLOGO Morar no Iraque foi uma das mais ricas experiências de vida que eu tive até hoje. Foi sofrido em muitos aspectos, pois, como já disse anteriormente, não é fácil viver num país em guerra. Não é fácil viver sob a energia da morte de milhares de jovens que jamais escolheriam matar e morrer por causas alheias, para manter as estruturas do poder, no qual alguns poucos se mantêm no topo, a custa do sangue de vítimas inocentes e muito, muito jovens.  No Iraque de Saddam, os meninos iam para combate aos 16 anos. Praticamente crianças.  Não à toa que sentíamos sempre uma energia pesada no ar. É a energia  da dor de pais, mães, filhos, amigos e amores que  morreram por causas que , em muitos casos, desconheciam. Pessoas que deixaram esse mundo antes de concretizarem seus sonhos mais simplórios como o de flertar com aquele primeiro amor, ir para a escola com amigos, comemorar um aniversário em família, ficar de bobeira ouvindo música num sábado de manhã... Visita de professores iraqui

MINHA VIDA NO IRAQUE NOS TEMPOS DE SADDAM HUSSEIN - CAPÍTULO 7

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Capítulo 7: a simpatia dos povos do Oriente Médio X a arrogância dos europeus gregos.   Trabalhar em outro país era, por si, um enorme desafio, mesmo considerando que o nosso trabalho visa atender aos anseios e necessidades de brasileiros, com o amparo e companheirismo de outros conterrâneos, como era no nosso caso, naquele Iraque dos anos 1980. O contrato de trabalho que assinei me obrigava a cumprir a carga horária de um ano letivo que, naquela época, contava com 180 dias de aulas. Assim sendo, tínhamos um recesso de 30 dias em julho e as férias no mês de janeiro. Claro que, trabalhando numa escola encravada em pleno oásis mesopotâmico, cercada por muros que transformavam aquele pequeno espaço num pedacinho de Brasil, com poucas opções de lazer e sempre convivendo com um limitado círculo de amigos com vínculos culturais, idiomáticos e identitários estreitos, tínhamos uma rotina que, por vezes, tornava-se enfadonha. Assim sendo, a escola era a vida da vila. Era naquele espaço