O QUE FOI FEITO, AMIGO, DE TUDO QUE A GENTE SONHOU?
E lá vai o Brasil e os
brasileiros rumo ao desconhecido, mais uma vez. Faz-se uma ideia do que nos
espera, mas ninguém pode assegurar em quais rumos que a situação política
nacional irá caminhar daqui pra frente.
E pensar que tudo teve início
com a tão sonhada Copa do Mundo no Brasil!
Aquela mesma que nos deixou legados históricos inesquecíveis: a derrota
vergonhosa para a Alemanha e a ocupação das ruas e praças pela população
insatisfeita; cansada de ser assaltada e enganada por sucessivos grupos
políticos e empresariais, ano após ano.
Não podíamos nos calar diante
dos gastos astronômicos para a construção de estádios monumentais, em regiões do
Brasil, onde o futebol praticamente não existe, enquanto parte de nossa gente
continua morrendo em hospitais mal equipados, sem medicamentos, com atendimento
precário. Seguimos morrendo nas estradas mal conservadas; ou ao sermos atendidos
por profissionais de qualificação duvidosa, formados em escolas ruins; ou ainda
nas ruas, atingidos por balas perdidas, assassinada por bandidos reincidentes,
que seguem livres, favorecidos pela fraqueza das leis e pela inoperância da
justiça e de policiais destituídos de recursos materiais para cumprir o papel
que lhes cabe.
Fonte: https://mundodesalienado.files.wordpress.com/2014/05/protesto_contra_a_copa_do_mundo_reune_mil_pessoas_em_sao_paulo_16042014-124458-11.jpg (Acesso em 02 mai. 2016)
É, amigo, a corrupção do
Brasil mata "de com força", como dizem por aí!
E a gente foi suportando,
tentando se adaptar à sua voracidade para consumir nossos recursos e abastecer as
contas pessoais dos corruptos que, para não interromper o fluxo da grana
roubada, elevam os custos dos impostos, enquanto precarizam ainda mais os
serviços que nos são fornecidos.
Não podia dar outra. Cansamo-nos!
A preparação para a Copa do Mundo – grande paixão nacional, capaz de mobilizar
todas as tribos que compartilham conosco esse território – foi a gota d'água
que fez transbordar o copo. E não podia ser diferente: apropriamo-nos das ruas
e fomos mostrar a nossa insatisfação, naquele histórico 2013 – em plena Copa
das Confederações.
Nem o futebol conseguiu nos
deter. Afinal, se havia tantos bilhões disponíveis para a construção de
estádios "padrão FIFA", por que não haveria também para nos dar
serviços dignos, pelos quais todos nós pagamos – direta ou indiretamente?
É fato que temos uma classe
política que, em mais de 70% está apodrecida e não se envergonhou de expor sua
podridão na votação do impeachment no dia 17 de abril de 2016, constrangendo
todos os brasileiros de bem.
Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCb-g1NvdmiBeIfQ_2BLFCDlPdq53XzoZGeNYLTUWWmqZYEv69aZ-ffoTi60S_1qXmFGnOjQY0Vm7mVMS3Ia5xAfKh5CGl3Q0xUMh4gSpDts1xWxkdGmsaHV8H7xIYndIvW22A28vCwk7R/s400/edra+1.jpg (acesso em 02 mai. 2016)
O que queríamos naquele
ano de 2013?
Queríamos tudo o que nos foi
negado até então, mas que foi generosamente entregue à FIFA, às empreiteiras,
aos políticos corruptos... Não havia uma pauta única, afinal, são muitas as
nossas carências! Sim. Queríamos TUDO! E lá fomos nós reivindicar direitos
como:
a Diminuição dos custos do transporte e
isenção para estudantes.
a Melhoria dos serviços públicos.
a Punição severa para criminosos reincidentes, sem
distinção de classe social, etnia, profissão, religião, etc.
a Melhor representatividade política, especialmente no
poder legislativo.
Nos juntamos e, pela primeira
vez, eu vi a nossa gente unida por uma causa que era de todos nós. E foi lindo
ver a multidão nas ruas, por um Brasil melhor.
Naquele momento, pedimos uma
Reforma Política. Qualquer brasileiro de bom senso sabe que o sistema político
nacional está organizado de tal modo, que não atende às reais necessidades da
população. Há um número expressivo de deputados e senadores que estão no
Congresso Nacional, sem que tenham recebido um voto sequer, como é o caso dos
suplentes; os indivíduos que tiveram votação inexpressiva, mas que lá estão
devido ao cociente eleitoral; grandes partidos – comandados pelas eternas
raposas políticas – que se perpetuam no poder, beneficiados pela lei eleitoral
que lhes concede mais tempo de propaganda que os partidos menores e demais
candidatos; e tantas outras aberrações. Isso nos deixa sem representatividade.
Pensemos: qual o compromisso
de um político que chegou ao poder, via suplência, tem com a população? Como
saber as suas intenções, sua ideologia, o grupo ao qual representa..., se não o
conhecemos?
Fonte: http://g1.globo.com/platb/files/2328/2013/06/f-80591.jpg (acesso em 02 mai. 2016)
O que veio a seguir? A
presidente Dilma encaminhou a sua proposta de reforma, com alterações
importantes, assim como fizeram alguns deputados e senadores mais comprometidos
com as vontades populares.
O que fez Congresso? Discutiu
o tema, fez uma ou outra alteração, mas não mudou o essencial. Não era
interessante para eles que privilégios fossem excluídos e responsabilidades
fossem aumentadas.
Aí vieram as eleições e
ficamos entre Dilma e Aécio. O país se dividiu e aí, o que fizeram com os
anseios do povo? Transformaram tudo como se fosse APENAS uma grande
insatisfação com o governo petista. Ficou fácil.
A oposição, derrotada nas
urnas, disse o que faria com o país, cuja presidência não governa sem amplo
apoio do Congresso. De acordo com o presidente do partido tucano, eles
tornariam o país ingovernável: "Não quero que ela saia, quero sangrar a Dilma,
não quero que o Brasil seja presidido pelo [vice-presidente] Michel Temer [PMDB]",
disse Nunes Ferreira ao participar de seminário no Instituto Fernando Henrique
Cardoso (IFHC), na capital paulista.
(Fonte da notícia: http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/valor/2015/03/09/nao-quero-o-impeachment-quero-ver-a-dilma-sangrar-diz-tucano.htm - acesso em 02 mai 2016)
Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6U7UWtDaanUGykWdGaUguHMmmAnXEEoyqjBnla3y9wSysdvbqU2yxXusmyw2Xqv7zRSjMN9G9v9I8UCNxxIvoIpiVKWeFtZj_illU0cCvhvy-JuGVU-ysAGzryi4UEAfVsdOTsVf1AU38/s1600/charge-bessinha_fhc-e-a-faca-pra-sangrar.jpg (Acesso em 02 mai. 2016)
Qualquer um sabe que, em
casos de declarações como essa e outras do tipo, "faremos uma guerra contra Bashar Al Assad" ou "destruiremos o governo venezuelano", etc., a
destruição e o sofrimento só encontra um alvo: o povo. Basta ver como saem do
poder os que lá estão e como fica a população. Não precisamos ser sociólogos,
geopolíticos ou grandes especialistas para antever os resultados.
E assim foi. E nós caímos
direitinho! De uma hora para outra, nos esquecemos da Reforma Política. E sem
uma Reforma Política de verdade, profunda, que altere a estrutura e a
organização das nossas instituições governamentais, o país não será capaz de combater
a corrupção por um simples motivo: o nosso sistema está alicerçado em uma abrangente e bem articulada base de práticas ilegais e conluios desde os seus
primórdios.
Os políticos espertalhões,
cuja maioria está envolvida em escândalos de corrupção, auxiliados pela grande
mídia, desviaram o foco. A operação Lava Jato, apesar de sua parcialidade
escrachada, prendeu gente graúda e, especialmente, políticos corruptos do PT e,
de certo modo, representou um avanço para o país que, até então, jamais tinha
colocado no xilindró donos de grandes empresas partícipes de esquemas de
corrupção.
Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjK5e-xuckSmrVuM6vAhpUKoX8v92Hrt1hsOrx-FTCP5x7h2JseVRo-yyExVHA-MAJXo5kjHZa_8k18eTduZBqX2Q4onJlEDoDp0UorA_mzi78m_38QyhBXmBBY1nfQpAIVHBwRDuH51f8/s1600/Deputado+comprado.jpg (Acesso em 02 mai. 2016)
Por outro lado, influenciados
pela grande mídia e pelos partidos de oposição, o brasileiro menos crítico e/ou menos
instruído e os que têm algum interesse não revelado, passou a crer que bastaria tirar o PT do poder para que o país dos
nossos sonhos se concretizasse aos nossos olhos, no instante em que o poder mudasse de
mãos.
E assim, todos aqueles que não perderam de vista aquela reivindicação de
2013 de melhor representatividade do Congresso e de reformas profundas do
sistema, argumentavam que esse era o caminho equivocado a seguir, mas essas vozes não tiveram eco para uma parcela da sociedade que repetia, insistentemente: "Será um larápio de cada
vez, primeiro será o PT e a Dilma, depois os outros."
E mais uma vez nos passaram a
perna. A linha sucessória da presidente é uma lástima, especialmente no que se
refere à corrupção. E assumirão o poder com grandes chances de sedimentar a
impunidade deles próprios e de seus pares.
Os brasileiros de bom senso,
que foram favoráveis ao impeachment da Dilma, que estavam seguros de que esse
seria um bom caminho a seguir, se veem assustados com os rumos que o país vai
tomando no cerceamento do debate político que ameaça a democracia conquistada com tanto sofrimento.
De acordo com os sinais que vêm sendo emitidos pelo provável governo
Temer, tempos duros para a economia e para os trabalhadores "serão
inevitáveis" e, pelo visto, com a corrupção e os corruptos plenamente
intocados.
É só parar para pensar: se
fosse você o bandido e tivesse o poder de dificultar investigações sobre seus
crimes, faria diferente? Equiparia a PF e a daria liberdade para seguir
buscando provas contra você?
Sem uma ampla, profunda,
verdadeira REFORMA POLÍTICA e tendo que se submeter a esse Congresso apodrecido
que temos, nem sendo Jesus Cristo o Presidente da República, sairemos desse
atraso político e desse provincianismo típico daquela categorização mundial vigente na
Guerra Fria, que classificava países como o nosso e tantos outros, como nações do Terceiro Mundo.
Pois é, amigo, como perguntou
Milton Nascimento em sua canção "O que foi feito devera", lindamente
cantada por Elis Regina: "O que foi feito, amigo, de tudo o que a gente
sonhou"?
Então já podemos ver no
horizonte o governo Michel Temer / Eduardo Cunha / PSDB / DEM FIESP... E aí me vem a mente os
versos de duas canções de Caetano Veloso que me atrevo a juntar: "Enquanto (esses) homens exercem seus podres poderes..., sim... O Haiti é aqui"! E sempre será, se nós assim permitirmos.
Sensacional!!!
ResponderExcluirMas acho que você foi muito boazinha, Silvia! Só 70% da classe política apodrecida? Hahaha Dos "nossos" 513 deputados federais, apenas 50 são ficha limpa, o que corresponde a 9,75%, ou seja mais de 90% são verdadeiros criminosos.
Excelente texto!! Mais uma vez, parabéns!!